Dificuldades na produção da lateral alveolar do português europeu: a perceção dos Terapeutas da Fala

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Joana Reis, Catarina Oliveira e Maria João Freitas

 

RESUMO

 

Alguns estudos apontam para o facto de a lateral alveolar ser adquirida cada vez mais tardiamente pelas crianças portuguesas. A prática clínica indicia que se trata de um segmento de difícil generalização. Tal pode estar relacionado com a hipótese de uma mudança em curso no português europeu. Objetivo: Pretendemos caraterizar a perceção dos Terapeutas da Fala sobre a aquisição do /l/, considerando os contextos linguísticos de produção, a idade de aquisição e os procedimentos de avaliação e de intervenção. Métodos: Para a recolha de dados foi utilizado um questionário on-line, organizado em 4 blocos (dados pessoais e profissionais, avaliação, intervenção e sucesso de intervenção), preenchido por 282 Terapeutas da Fala de Portugal. Resultados: A classe das laterais, em especial o segmento /l/, é considerado problemático pelos Terapeutas da Fala. A sua aquisição e estabilização têm vindo a ser cada vez mais tardias. A dificuldade na produção varia de acordo com o contexto silábico, posição de palavra, contexto acentual e vocálico adjacente. Quando não produzido, /l/ é tendencialmente substituído por [w]. Na avaliação, os Terapeutas da Fala optam, maioritariamente, por utilizar testes formais, intervindo com abordagens fonéticas e fonológicas. Quando o sucesso na intervenção não é totalmente alcançado, alguns Terapeutas da Fala dão alta principalmente porque a intervenção foi longa, embora sem generalização a todos os contextos comunicativos da criança. Discussão: A reflexão é centrada na forma de intervir face às dificuldades na aquisição de /l/ e na hipótese de mudança linguística em curso associada a este segmento em português.

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Palavras-chave: Lateral alveolar; Mudança linguística; Perturbação dos sons da fala; Perceção dos Terapeutas da Fala.